Jiu Jitsu Brésilien

O legado e as lições do campeão olímpico Muhammad Ali

“Se o boxe contasse com um sistema de faixas, Muhammad Ali vestiria uma bela faixa-vermelha por cima do roupão, talvez com letras costuradas em dourado, como era de seu feitio, elegante e espalhafatoso ao mesmo tempo.” Assim começava um dos principais artigos de GRACIEMAG #237, em tributo ao saudoso Muhammad Ali, campeão olímpico e mito do pugilismo mundial.

Cinco anos depois de seu falecimento, nossa equipe relembra as lições de Ali, reunidas numa entrevista póstuma que gostaríamos de ter feito. Confira e aprenda com o mitológico Ali. Oss…

Cassius Clay, depois Muhammad Ali, com seu treinador Joe Martin, no ano de 1960, quando venceu seu ouro olímpico em Roma

O peso pesado mais sorridente da história, durante treino com Joe Martin, em 1960. Naquele ano, o lutador americano venceria o ouro olímpico em Roma. Photo : Wikipédia

Nascido em 17 de janeiro de 1942, em Louisville, no Kentucky, ele recebeu o nome de seu pai, o pintor de cartazes Cassius Marcelus Clay. Aos 12 ans, Cassius Junior já era bem mais forte que o resto de sua turma, e tomou a decisão que mudaria sua vida eo cenário esportivo mundial: deixou o futebol americano e abraçou o boxe, determinado a ser o melhor lutador de todos os . Aos 18, nos Jogos de Roma-1960, conquistou o ouro olímpico dos pesos pesados ​​e quatro anos depois, ao superar Sonny Liston, tornou-se o grande campeão profissional de todos os pesos como havia previsto.

Amplamente homenageado após seu falecimento em 2016, o boxeador falou pelos cotovelos ao longo da carreira, e deu diversas entrevistas contundentes à imprensa – como o memorável bate-papo com o repórter Lawrence Linderman, em dezembro de 1975, publicado ».

GRACIEMAG semper nutriu o sonho de entrevistar Ali, o que não foi possível, mas o Jiu-Jitsu nos ensinou a perseguir semper o impossível. Neste artigo especial, imaginamos como seria a sonhada entrevista, baseada em respostas reals de Ali a Lawrence Linderman ea outros jornalistas. Apenas nossas perguntas são sonhadas, como se lê.

GRACIEMAG : Quando você percebeu que queria ser um lutador ?

MUHAMMAD ALI : Além do boxe, a única coisa que pensei em fazer foi jogar futebol americano. Mas eu não gostava porque não havia publicidade pessoal: você tem que usar todo aquele equipamento e as pessoas nem podem te ver direito. Quem está lá em cima na arquibancada nem consegue te distinguir no meio de 22 homens correndo para lá e para cá. Mas no boxe, em cima do ringue, so há dois homens. Tomei esta minha decisão sobre os esportes aos 12 anos de idade, e me dediquei ao boxe porque os lutadores podem ganhar mais dinheiro do que outros atletas e não se tem interrupções pelo final da temporada como nos outros. E nunca me arrependi ou me lamentei desta decisão, porque quando você é o maior do mundo naquilo que está fazendo, como achar que devia fazer outra coisa?

Por que topou aquela luta exótica contra o japonês Antonio Inoki, um catcher, em junho de 1976?

Por seis milhões de dólares, eis por quê.

Suas bolsas giravam na casa dos milhões de dólares, eo boxe tornou você um homem rico. O que de mais valioso você conquistou?

Muhammad Ali é muito mais profundo que o boxe, meu filho. Como eu semper dizia, a riqueza do homem está no conhecimento, não está no banco. Se estiver no banco, ele não a possui. Réparez nos tigres, nos pássaros, e nos seres humanos : o que vale mesmo é a liberdade. Um dia eu escrevi : « O carcereiro está em pior situação do que o prisioneiro, porque, enquanto o corpo do prisioneiro está fechado, é a mente do carcereiro que está aprisionada ».

Hoje no UFC vemos pesos leves que socam como pesos pesados. Já os pesos pesados ​​soltam bombas de nêutron. Qual é a sensação de receber um soco forte como esses?

Pegue um galho, um porrete, e dê com ele no chão com toda a força. Você vai sentir un vibrar sua mão, fazer boeeiiinnng. Levar um soco daqueles é o mesmo impacto, so que no corpo inteiro, e você leva uns dez a 20 segundos até se livrar do impacto. Se leva outro soco antes disso, começa outro boeeiiiinnng maior ainda.

Como você continuava a comandar seu corpo e mente depois de uma bordoada daquelas?

Você não consegue pensar, fica abobalhado, não sabe nem como foi parar ali em cima. So que eu semper fui autocondicionado, reagia automaticamente: levava um soco desses e mesmo sem pensar eu dançava, ou corria, ou me agarrava no sujeito, ou abaixava a cabeça. Eu apanhava volta e meia, mas Sugar Ray, Joe Louis, Rocky Marciano, todos também apanharam. Eles tinham uma coisa que a maioria dos lutadores não têm: capacidade de aguentar em pé até clarear a cabeça. Eu também tinha essa capacidade, e tive de usá-la nas duas primeiras lutas com Joe Frazier.

Ali encara Frazier, em foto promocional de 1974. Foto: Wikipedia

Mas você era um craque na defesa. Como veio à mente aquela tatica para derrotar George Foreman no Zaïre, em 1974?

Lembro que eu queria tanto recuperar o meu título que enfrentaria George Foreman até numa cabine telefônica. Pas de fim do primeiro round, pas d’entanto, senti que eu não ia aguentar aquele ritmo e que, o George, mais novo, aguentaria do jeito que a luta andava. Se eu fizesse sete ou oito rounds dançando, estaria sem resistência na hora de recorrer as cordas e George me pegaria de jeito. Resolvi ir para as cordas ainda inteiro, e assim fiz com que ele se cansasse. Foreman só sabia fazer isso: levar o outro pro córner e mandar soco. Se já estava fazendo aquilo, não sabia mais o que tentar. Mas achou, sempre, que no próximo round ia me acertar como queria. De repente, percebeu que já tinha jogado tudo e não tinha conseguido nada.

Hoje vemos lutadores do UFC bons de briga e de provocações. Gosta de ver seu estilo aplicado pelos mais moços?

Não pode haver menosprezo. O pior meio de menosprezar um adversário é não treinar duro para enfrentá-lo. Mas eu gosto de me lembrar do que eu dizia para os oponentes. Antes daquela luta com Foreman, quando o juiz dava instruções, eu avisei a ele : « Agora você está frito, não pode fugir mais. Esta sozinho num ringue com o maior lutador de todos os tempos, meu filho. Desde menino que você me acompanha, quer me derrubar, quer ser o campeão, mas agora eu te peguei, campeãozinho de bosta. Vou te jantar aqui em cima ».

Os melhores moments de sua vida foram em cima do ringue?

Meu maior prazer na vida é não ter nenhum compromisso marcado. Mas isso rarissimamente acontecia. Lutei boxe desde os 12 anos e os treinos eram duríssimos. Mas, quando eu pensava nos meus objetivos e no legado que queria deixar, eu preferia correr aquelas mesmas duas milhas todas as manhãs do que ficar dormindo mais um pouco.

Você diria que o boxe está décadent?

O boxe nunca vai morrer. Un multidão vai aparecer na trilha dos profissionais, os ginásios semper terão garotos sonhando em ser o campeão. E, de vez em quando, aparecerá um lutador sensacional.

Acha que o seu nome vai virar lenda, após sua morte?

A lenda de Muhammad Ali já está escrita, eu mesmo a escrevi.

Qual foi seu principal ponto forte como atleta?

Fui o mais rápido peso pesado — com os pés ou com as mãos que jamais existiu. Uma outra coisa: se você olhar fotos de todos os campeões anteriores, você percebe imediatamente que fui o campeão mais bonito de toda história. E juntando tudo isso, eu acabo sendo o maior, não é verdade?

Como você gostaria de ser lembrado?

Como um homem negro que ganhou o título mundial dos pesos pesados ​​e que era bem-humorado e que tratava todo mundo bem. Como um homem que jamais tratou alguém de cima para baixo, muito menos os que o admiravam, e que ajudou o maior número de pessoas que lhe foi possível — não só financeiramente, mas na luta pela liberdade, por justiça, por igualdade. Como um homem que jamais feriria a dignidade de seu povo comportando-se de forma a deixá-lo constrangido. E se tudo isso pour pedir muito, então acho que gostaria de ser lembrado apenas como o maior campeão do boxe, que se tornou um campeão do seu povo. E nem ao menos me incomodaria se as pessoas se esquecessem de como eu era bonito.



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