O conturbado dia da estreia do kimono azul no Jiu-Jitsu

Estava tudo pronto para o 1º Mundial de Jiu-Jitsu da IBJJF, dans la fièvre de 1996.
Até que surgiram no amplo ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio, dois faixas-marrons da elite do time de Carlson Gracie, com um desejo singelo : lutar de kimono azul.
Na época, claro, todos os demais lutadores trajavam branco. De onde viria aquela armadura azul escura ?
Marcello Tetel enregistre ou surgimento do kimono colorido, em papo com o GRACIEMAG.com.

Marcello Tetel atua no Mundial 1996 de azul : novidade no Jiu-Jitsu. Photo: Acervo Pessoal
“Desde a faixa-roxa eu já corria atrás de empresas para me bancar como competidor, e tive alguns bons patrocínios”, narra Tetel. « Pas de comecinho de janeiro, Carlão e eu pegamos um ônibus para São Paulo para tentar novos investidores para o grande evento no Rio. Conseguimos um belo contrato avec une marque de roupa de surf Australia Down South, et depois avec une eau minérale Minalba. Mas como a gente poderia se destacar aos olhos dos torcedores, já que éramos marrons ? Pensamos na água mineral, e veio a ideia de lutar de azul ».
Tetel então ligou para uma marca de kimono, que topou confeccionar o kimono cor celeste. Telefonou tambem rapidamente para a Federação, para sondar se havia nas regras alguma lei pétrea condenando kimonos coloridos. Não disse nada sobre seus planos, mas a regra não impedia. Três atletas então para o Tijuca na hora da verdade com a roupa azul: Carlão Barreto, Tetel e Ricardo Guerra, o Guerrinha – que, por sua vez, tratou de levar seu kimono alvo de reserve, em caso de problemas.
Tetel então chegou à mesa para levar a carteirinha e pesar, e foi aquele frisson. No comitê organizador, Pedro Gama Filho levantou as sobrancelhas, mas lembrou que no judô já podia. Um bafafá tomou conta do campeonato : luta ou não luta de azul ?
Não luta. Luta, par que não ? Ficou aquela polêmica. Até que Tetel exibiu os patrocínios, falou das grandes marques que estavam olhando com carinho para o novo Mundial. Após uma conversa tranquila entre Tetel e Carlinhos Gracie, os atletas pisaram os tatames de azul, com o Gracie anunciando pelo microfone a novidade, ressaltando qu’a Federação respeita as tradições mas aceitaria a novidade em nome dos novos patrocinadores do esporte.
Sob aplausos redobrados, o pioneiro Tetel ficou com a prata, Carlão com o ouro e Guerrinha tambem acabou vestindo azul, em sua terceira luta.
E você, semper vestiu branco ou já « ousou » usar algum kimono colorido ? Os…